quarta-feira, 19 de maio de 2010

As melhores coisas do mundo




Ando meio sem tempo de escrever neste blog, é verdade. Culpo mais meus estudos e meu trabalho do que a mim mesma, realmente ando sem tempo de fazer qualquer coisa. Ontem ao chegar ao trabalho tive uma bela surpresa: estava acontecendo o projeto Cinema para Todos, do governo do Estado, que incentiva alunos da rede pública a verem filmes nacionais.

Acho o projeto bem bacana, e o filme em questão visto no dia (As melhores coisas do mundo, no cinema local, com direito a tudo - menos pipoca, não sei porque :D)é também muito bacana. Pra esse público adolescente, acerta em cheio ao tratar de problemas bem típicos dessa idade, como os questionamentos sobre a vida, a individualidade e a formação de redes sociais, o preconceito e as amizades e o amadurecimento por quais todos adolescente passa.

Dirigido por Laís Bodanski, As melhores coisas do mundo retrata a vida de um adolescente de 15 anos, Mano, que começa a viver uma fase de conflitos pessoais e de problemas familiares, como a separação dos pais e a descoberta da sexualidade. O filme acerta em cheio ao deixar os atores o mais natural possível, uma naturalidade que é presente em todo o filme, pois esses são problemas que atingem noventa por cento dos adolescentes, acredito. Ele também acerta ao mostrar um universo adolescente na visão do adolescente - o que muitas vezes não acontece em outros filmes atuais do gênero, ou eles são tratados como bobos, fúteis ou problemáticos.

Mano é um garoto legal, cheio de amigos, inteligente, que vê o mundo virar de cabeça pra baixo com a separação dos pais e os problemas e a adaptação a uma nova vida. De fato, por experiência própria, sei que a separação de pais gera muitos conflitos, apesar de geralmente não termos nada a ver com isso. A paixão passa, a rotina domina o cotidiano, o casal começa a questionar se deve ficar junto. Bom, acredito que muitas pessoas da minha geração e de outras já passaram por esse momento. E isso tudo na cabeça de um adolescente pode gerar uma confusão mental enorme.

Muito parecido com Jorge Furtado, acredito que Bodanski tenta captar esse universo adolescente de forma a não criar estereótipos deles, e isso por si só já é positivo, pois o que mais vemos hoje são esses estereótipos. Mano, que se encontra num momento difícil, percebe também que a adversidade traz um amadurecimento.

Outras personagens do filme, bem reais, são também muito bem retratadas. Os amigos de Mano, que bebem demais, fumam demais, o irmão dele que vive um relacionamento sério e complicado com a namorada, a amiga Carol que está descobrindo a sua sexualidade, todos eles são retratados de uma forma a não criar segmentos no filme - todos interagem.

A discussão relacionada a preconceito é algo muito presente no filme. Nós enquadramos as pessoas, e se nós o fazemos, adolescentes faze mais ainda. Eles querem pertencer a grupos, e tentar formar suas redes sociais nessa época da vida. Ganhar independência dos pais é outra coisa muito importante. A independência emocional é algo que também é bem trabalho em As melhores coisas do mundo.

Tá aí um filme que eu recomendo; e que com certeza é fiel ao mostrar todas as imperfeições de jovens que aos poucos vão se tornando adultos - também imperfeitos.

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