sábado, 15 de agosto de 2015

A Delicadeza do Amor (La Délicatesse, 2011)

Faz tempo que não escrevo no blog. Faz tempo também que não vejo um filme que me chama a atenção por sua história simples e humana, ao definir diversas formas do amor. O filme A delicadeza do amor não poderia ser mais feliz em seu nome - ou, em francês, baseado em livro homônimo de David Foenkinos, La Délicatesse (a delicadeza), que transborda do início ao fim do filme.

Audrey Tauton como Nathalie, personagem principal
 A delicadeza do amor conta a história de Nathalie (Audrey Tauton), uma jovem francesa cuja profissão é desconhecida do início ao fim do longa, e que no auge de sua juventude está perdidamente apaixonada por François (Pio Marmai), seu namorado de longa data. François, por sua vez, também é apaixonadíssimo por Nathalie e os dois formam um par perfeito, até que um dia o destino os desune: François morre em um acidente, e Nathalie se vê perdida e sozinha no mundo.

A partir deste início alegre e em poucos minutos triste, o longa começa a dar a nuance que faz jus ao seu nome: a delicadeza das diversas formas de amor que existem, seja de Nathalie, que se vê perdida sem François e se fecha em seu luto, à mãe dela, que não sabe o que fazer para agradar a filha, à melhor amiga, Sophie (Joséphine de Meaux), que em uma atuação com uma sensibilidade enorme acompanha Nathalie com cautela e muito amor na sua jornada para refazer a vida. Por fim, ainda aparecem no longa outras formas de amor romântico: o chefe apaixonado e não correspondido e, finalmente, o colega de trabalho, Markus (François Damiens), que com muita sensibilidade busca conhecer Nathalie, em encontros e desencontros pouco previsíveis.

François Damiens como o desengonçado Markus, excelente no papel
 Audrey Tauton, como sempre, consegue fazer personagens fortes e sensíveis de uma forma especial, o que a transformou em uma verdadeira referência do cinema contemporâneo francês. Por sua trajetória em longas românticos, além do brilhante O Fabuloso Destino de Amélie Poulain que a lançou ao estrelato mundial, Audrey ficou conhecida por ser uma atriz delicada e forte ao mesmo tempo - o que acaba tornando este papel perfeito para a atriz. François Damiens também convence enormemente como o desengonçado e simpático colega de trabalho sueco de Nathalie, que por acaso (e o acaso faz parte do filme desde o início) se vê apaixonado por ela e ela intrigada com ele. Preterido por todos por seu jeito estranho e sua aparência nada galante, François é um homem grande e também delicado, e que se sente apaixonar por Nathalie com muita cautela, com medo da dor que poderia se seguir ao não ser correspondido.

Nathalie, no longo caminho para reconstruir sua vida
 O longa se ancora, assim, nestes dois personagens, apesar de todos os coadjuvantes do filme serem fundamentais para entender melhor estes dois personagens. O longa conta também com um inusitado roteiro, como, por exemplo, o medo constante de Markus que faz com que ele simplesmente fuja dela em uma cena divertida e, ao mesmo tempo, compreensível metaforicamente. Quem nunca teve medo de se apaixonar?

Nathalie e Markus, um casal adorável, mas visto no longa como improvável
 As cenas finais do filme são de uma poética incrível, mas que não vale a pena contar aqui, senão todos perderiam o prazer de ver um filme que, do início ao fim, prima pelo inesperado e pela reconstrução, lenta e gradual, da vida de Nathalie. O longa é uma ode sensível ao amor incondicional, em suas diversas facetas e nuances.