sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

15 anos e meio (15 ans et demi)


O filme 15 anos e meio é uma comédia com ritmo ágil sobre a relação entre um pai ausente e uma filha adolescente, que voltam a dividir o mesmo teto depois de anos separados. Filme francês, porém com uma estética americana, 15 anos e meio não faz feio às comédias adolescentes presentes no cinema Hollywoodiano, porém não cria nada de novo.

Phillipe, um bioquímico radicado em Boston há quinze anos, decide voltar a Paris para realizar pesquisas e morar com a filha enquanto a mãe de sua filha, Églantine, viaja a trabalho. Églantine, a jovem em questão, é uma adolescente que vive sem regras, em uma casa mais que simpática em um bairro nobre em Paris. Como todos os jovens de classe média da sua idade (nossa, me senti uma velha agora! “Os jovens”...:P), Églantine tem um grupo de melhores amigas e amigos. Na escola, ela não vai mal. Descolada, divertida, inteligente e fofa, Églantine é uma adolescente legal.

Diferente dos filmes norte-americanos do gênero, onde os adolescentes populares e não populares se estapeiam na escola e brigam até os não-populares se darem bem no final, na escola de Églantine a realidade é um pouco diferente. Todos (ou quase todos) convivem bem – tirando a pequena rixa que ela tem com a namorada da paixonite de Églantine, o galã do colégio (sim, também existem “cheerleaders” e “jogadores de futebol” nas escolas parisienses).

O foco do filme está na relação de Églantine, interpretada por Juliette Lambolay, e Phillipe, interpretado por Daniel Auteil, que ainda trata a filha como se fosse criança e não consegue se adaptar ao cotidiano dos adolescentes – usar twitter, MSN, facebook e outros recursos de celular é coisa demais para a cabeça do bioquímico. Com a ajuda de um amigo que dá cursos para pais com filhos adolescentes problemáticos, Phillipe começa a entrar no universo da filha, tentando compreendê-la melhor (algumas das cenas mais engraçadas do filme, diga-se de passagem, são do “curso” que o amigo dá, ensinando gírias e palavreados de MSN. Ótimo).

15 anos e meio tem um nome bastante apropriado: ele é uma comédia para adolescentes – e para pais de adolescentes – verem e se divertirem. Ele é aplicável também para qualquer realidade de classe média: adolescentes querem se divertir, sair, namorar, beber e experimentar outras “cositas ” nessa fase. O filme, porém tem algumas falhar perceptíveis logo no início: erros de continuidade, personagens sem sentido e sem “fechamento” e cenas cortadas que deixam a desejar – parece que o filme foi editado às pressas.

Não creio que foi essa a intenção dos diretores, creio que eles queriam criar uma linguagem mais ágil para o filme, que se identificasse com os adolescentes, mas a percepção que tive é que os diretores tiveram pouco tempo para terminá-lo e daí os erros de filmagem. Pode ser que tenha tido esta percepção porque também não sou mais adolescente. Vai saber? :D

As cenas de Daniel Auteil contracenando com um Einstein imaginário, porém, são ótimas. Juliette Lambolay também está muito bem no papel e é um dos destaques de 15 anos e meio. Suas cenas com Auteil são boas, e isso é difícil de conseguir na idade dela (17 anos quando fez o filme).

De confusões na escola, festa de arromba na sua casa e saídas com meninos, Églantine amadurece e se torna uma adolescente bastante simpática. Ou seja, o filme passa duas mensagens, no meu ponto de vista: “adolescentes são complexos e difíceis, mas é possível compreendê-los” e “pais não compreendem os adolescentes, mas isso é normal, o importante é o diálogo”.

Morais bonitas e um final previsível. Porém, para assistir de forma despretensiosa numa tarde em casa, comendo pipoca, não há problema nenhum. Só não espere muito além disso.

PS: diferenças à parte, quem estiver a fim de ver um excelente filme sobre a adolescência e seus conflitos veja As melhores coisas do mundo, de Laís Bodanzki. Se estiverem a fim também, leiam a crítica que fiz do filme: http://femovieblog.blogspot.com/2010/05/as-melhores-coisas-do-mundo.html

Nenhum comentário:

Postar um comentário