sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Valentim (Valentín)



Sei que ando bem relapsa com este blog, mas falta-me tempo para fazer muitas coisas e, por incrível que pareça, assistir filmes. Porém, não podia deixar de comentar um dos poucos filmes que vi no último mês e que me chamou muito a atenção, pois fiquei apaixonada. Pelo filme. Pelo protagonista mais exatamente. Novamente, é um filme argentino - e os diretores argentinos estão cada vez mais subindo no meu conceito. Se chama Valentim, e conta a história do mesmo, uma criança de oito anos de idade que narra uma história comovente e excitante - a da sua vida.

Valentín (Rodrigo Noya) é um menino que tinha tudo para ser mais uma criança na multidão; filho de pais separados, foi abandonado pela mãe, ignorado pelo pai e vive na casa da avó, que com muita dificuldade o cria, sempre comparando-o (mal)ao pai. Apesar das comparações, Valentín não tem nada do seu pai; o que o destaca da multidão é a imaginação, a tenacidade, a esperteza e o tato social que tem - e que consegue derreter o coração de qualquer pessoa.

O filme se passa na década de sessenta e mais uma vez,no período de ditadura, que eu entendo que é um período de muito sofrimento e muito caro na memória dos argentinos. Apaixonado por viagens espaciais, Valentín narra a sua vontade de se tornar um astronauta, apesar do "pequeno problema" que tem (o estrabismo). Mas isso não é um problema. O problema é que ele vive sem aquilo que considera mais importante: uma mãe. Por isso, quando Valentín conhece a nova namorada de seu pai, Letícia (Julieta Cardinale), ele encontra a oportunidade de ter a mãe que tanto sonhara, e faz de tudo para conhecê-la melhor e ganhar sua simpatia (o que não é muito difícil, mas que, como criança, acaba gerando algumas confusões em casa).

A história de Valentín é uma história comovente e ao mesmo tempo alegre. Ele é uma espécie de pequeno herói, lutador, que mesmo com as dificuldades que encontra na vida, transforma tudo em mágica - nada o derruba. É uma criança de oito anos apenas, mas uma criança especial: não se sente derrotado, não se sente "coitado", muito menos infeliz. Muito inteligente e perspicaz com as coisas em sua volta, encontra em pequenas coisas do seu cotidiano sempre um impulso para seguir em frente.

Por onde passa, Valentín tem uma capacidade incrível de fazer amigos. Letícia se torna uma; outro amigo é o seu vizinho, um músico alcóolatra que o ensina piano, Rufo (Mex Urtizberea). Outra característica do menino é a sua inteligência emocional. Mesmo conhecendo a personalidade forte e explosiva de seu pai, a amargura de sua avó e o abandono de sua mãe, seu mundo não lhe permite ficar triste com isso. Para isso, Valentín criou um mundo bonito, de amizades, onde ele é o protagonista, e não o coadjuvante.

Dirigido por Alejandro Agresti, o filme conta com a fantástica Carmen Maura, no papel de sua avó, e do próprio Agresti como pai do menino. Conhecido na Argentina por diversos filmes, posso dizer apenas que vi um deles, Uma noite com Sabrina Love, com Cecilia Roth no papel principal, que achei muito interessante também (não me pergunte como conheço ou vi estes filmes, eu já tive um passado ligado ao submundo do cinema :D).Um filme que o tornou famoso foi A Casa do Lago, uma refilmagem de um filme coreano de realismo fantástico em Hollywood, com os queridinhos Sandra Bullock e Keanu Reeves.

Valentín é um filme de 2002, portanto, para quem quiser assisti-lo, é só passar em uma locadora mais próxima. Não sei porque me levou tanto tempo para assistir, mas fica a dica aqui. Fica aqui também a lição de Valentín sobre a vida: "a vida é assim, como um talharim".Algumas coisas dão certo, outras dão errado; a vida é assim mesmo. O que a gente pode fazer é tirar o melhor proveito das coisas negativas e também das positivas. Valentín consegue fazer isso com destreza e isso o torna uma das crianças mais adoráveis e perceptivas do mundo.

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