domingo, 5 de setembro de 2010

Quando me apaixono (Then she found me)



O filme Quando me apaixono tem um nome bobinho em português e faz muito mais sentido quando pegamos o título original, Then she found me (e então ela me encontrou). Dirigido e estrelado por Helen Hunt, ele chegou aos cinemas também atrasado no Brasil, somente três anos (e meio!) após estrear nos Estados Unidos. O que é uma pena, pois o filme estreou em um circuito reduzido e é muito interessante e bem feito - deveria ter estreado em grande circuito. Mas eu já ando perdendo as esperanças no cinema de qualidade por aqui, pois só vejo estrear filmes de ação e comédias bobas no grande circuito e raramente algo de mais substância nessas salas.

Then she found me conta a história de April Epner, uma professora de 39 anos que se casa com essa idade e deseja mais que nunca ter um filho biológico. Apesar de ter sido adotada por uma família que lhe ofereceu tudo em toda a sua vida, April tem praticamente uma obsessão em ter um filho biológico. O problema é que seu casamento não anda muito bem, e ela acaba passando por um momento de crise onde conhece duas pessoas que se tornam muito importantes em sua vida: sua mãe biológica e um novo amor.

O papel da mãe é interpretado por Bette Midler. Aqui ela faz uma apresentadora de talk show, Bernice Graves (não judia, apesar da religiosidade ser um ponto fonte discutido na trama, pois April é judia e bastante religiosa)que depois de quarenta anos quer ter a filha de volta ao seu lado, e faz de tudo para recompensar sua ausência. O marido de April, interpretado por Matthew Broderick, é também um professor, frustrado (novidade...:D) que ainda não sabe o que quer da vida, e não consegue tomar mínimas decisões sobre ela - muito mais com outra pessoa. O terceiro elemento do triângulo amoroso é Frank, interpretado por Colin Firth, que não importa o papel que faça, sempre está ótimo. Ele é um pai solteiro sensível e inseguro que se apaixona pela professora de seu filho e luta por ela apesar de toda a sua insegurança.

O filme é um drama que se desenvolve de forma muito agradável e muito delicada também. Ele lembra os filmes de Allen e é claro que se passa em Nova York, com muitas externas rodadas no Hudson e nas ruas de Manhattan, com seus dias cinzentos e chuvosos.

April na verdade aparece na trama como uma mulher que deseja ter todos os seus sonhos realizados e começa a trama pensando os ter realizado - casando-se com seu melhor amigo e tentando engravidar. Porém, seu destino muda rapidamente e de repente ela se vê sozinha, sem pais, sem filhos e acaba conhecendo ela, a do título, sua mãe biológica, que propõe um novo relacionamento complicado, mas que proporciona uma redescoberta dela mesma.

Baseado no livro homônimo de Elinor Lipman, Helen Hunt encontrou muitas dificuldades para levar o romance às telas. Após anos procurando roteiristas e produtoras, ela mesmo co-produziu a história, dirigiu e interpretou April, personagem principal da trama.

O filme talvez tenha de positivo a delicadeza na dosagem de Hunt como atriz e como diretora, além de contar com um bom elenco que conduz bem a trama, em especial Firth e Midler, que estão ótimos em seus papéis.

Entretanto, o filme tem uma narrativa muito lenta e é bem dramático, o que pode levar alguns espectadores a se cansarem. seu título em português e o poster de propaganda não tem relação nenhuma com a trama, o que mostra mais uma vez a mancada das distribuidoras brasileiras que tentam vender uma coisa que ele realmente não é. E eu acho que o espectador se sentirá ultrajado se esperar ver uma comédia romântica e encontrar um drama com temas profundos como maternidade, traição, rejeição, entre outros.

Ele é centrado também na redescoberta de April sobre sua vida e suas prioridades, e isso é passado de forma um pouco superficial em parte do filme (principalmente quando ela fica em dúvidas em relação em continuar com o novo namorado ou voltar para o ex-marido. Poderia ter sido melhor trabalhado esse lado, assim como a participação de Broderick é ínfima no filme).

Then she found me traz, entretanto, aquele gostinho de filme independente que trata de temáticas diversas e principalmente sobre as relações humanas, e não um trama mirabolante, um roteiro intricado e atores maquiados e modelados para o papel, ao que vejo no cinema atual (sei que nos festivais de cinema e no circuito pequeno ainda há luz no fim do túnel, mas moro em Niterói, que só tem salas em dois shoppings. Aqui a situação é complicada, por isso quando dá escapo para as salas em Botafogo e centro do Rio). É um filme emotivo, sim, e talvez as mulheres se sensibilizem mais com sua temática, mas mesmo assim não deixa de refletir sobre assuntos interessantes para todos os públicos, principalmente, que não há uma fórmula para a felicidade.

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